Quando o “eu” ainda fala mais alto
No Jardim de Infância, é natural que as crianças estejam muito centradas em si mesmas, nas suas vontades, ideias e necessidades. Mas é justamente nesta fase que mais precisam de oportunidades para aprender a viver em grupo: escutar, ceder, negociar e perceber que os outros também contam.
Reconhece alguns destas características?
- Querem decidir tudo sozinhas, mesmo em momentos coletivos.
- Têm dificuldade em esperar, partilhar ou seguir pequenas regras do grupo.
- Reagem mal à frustração ou ao “não”.
- Ainda não reconhecem como as suas ações afetam os outros.

Por que é tão importante aprender a conviver?
Aprender a viver com os outros é tão importante como aprender a contar ou a escrever. É nas relações do dia a dia que as crianças desenvolvem empatia, escuta e respeito.
Quando as crianças percebem que fazem parte de um grupo, começam também a entender o seu papel na harmonia do todo.
Essa consciência é o primeiro passo para uma convivência mais justa, cooperativa e humana.
Como trabalhamos a capacidade de convivência no dia a dia
 
A nossa abordagem
No Jardim de Infância da Lua Crescente, vivemos em comunidade desde cedo. Ajudamos as crianças a perceber que fazem parte de um grupo, onde todos contam. Aprendem a esperar a sua vez, a ouvir o outro, a partilhar e a lidar com as frustrações, porque crescer é também uma forma de aprender a viver com os outros, com respeito e empatia. Estas experiências são estruturadas de forma intencional e fazem parte da rotina diária.
O que promovemos no dia a dia do Jardim de Infância:
 
Regras construídas com o grupo
As regras são discutidas, sentidas e decididas em conjunto, para que façam sentido e sejam respeitadas por todos.
 
Círculos de partilha e escuta ativa
Criamos momentos de conversa onde cada criança pode falar e ser ouvida. O diálogo ajuda a resolver conflitos, mas também a criar ligação e confiança.
 
Valorização da diferença
Estimulamos o respeito pelas diferentes formas de ser, pensar e sentir. A diversidade é reconhecida como uma riqueza para o grupo.
 
Rotinas de cuidado mútuo
Aprender a esperar, ouvir, partilhar e cuidar dos outros e do que é comum está presente em várias atividades do dia.
 
Grupo heterogéneo
Promovemos a convivência entre crianças de diferentes idades para que os mais novos aprendam com os mais velhos, e os mais velhos se tornem referência para o grupo.
 
Consciência coletiva
Ser autónomo não é agir sozinho, mas compreender o impacto das próprias ações no bem-estar dos outros e no equilíbrio do grupo.
 
 
E em casa, como ensinar a criança a viver em comunidade?
 
Os nossos conselhos
A convivência não se aprende apenas na escola. É uma aprendizagem que se constrói todos os dias, também em casa. Nas pequenas interações do quotidiano, as crianças começam a perceber que não estão sozinhas no mundo, que há regras sociais e que todos temos responsabilidades no bem-estar dos outros.
Descubra como ajudar a criança a conviver de forma saudável:
 
Incentivar a criança a cumprimentar as pessoas com quem se cruza, criando hábitos de cortesia e atenção.
 
Nas conversas, jogos ou filas, ajudar a praticar o “esperar”, explicando por que é importante respeitar o tempo dos outros.
 
Criar oportunidades para que a criança partilhe, em casa ou em momentos com amigos, e ajude-a a lidar com frustrações que possam surgir.
 
Mostrar que ouvir um “não” faz parte da vida em sociedade, e que todos temos limites a respeitar.
 
Ensinar a escutar até ao fim o que os outros têm a dizer, sem interromper, reforçando que todas as vozes importam.
 
Incentivar pequenos gestos de cuidado: trazer um copo de água, ajudar a arrumar, perceber se alguém está triste.
 
Ajudar a criança a encontrar palavras para expressar o que sente e a procurar soluções em conjunto.
 
As crianças aprendem muito pelo que observam. Demonstre, nas suas relações, o respeito e a empatia que espera delas.
Conheça quem fala consigo, com o coração e experiência
 
Cátia Valadas
Educadora de Jardim de infância
 
Joana Conceição
Educadora de Jardim de infância
Joana Conceição
Educadora de Jardim de infância
Sabendo desde sempre que o seu caminho seria feito lado a lado com crianças, a Joana desde cedo sabia que o seu futuro seria como professora ou como educadora. Refere que foi logo no 9º ano que decidiu que seria educadora de infância e “nada mudou desde aí”! Trabalhando desde os seus 16 anos com crianças (em acompanhamento de grupos durante as atividades não letivas), uns anos mais tarde ingressou na Escola Superior de Educação de Lisboa e tornou-se Mestre em Educação Pré-Escolar.
Ao ser questionada sobre como vê o projeto da Lua Crescente, a Joana considera que “O projeto da Lua Crescente enquadra-se, sem dúvida, nas necessidades e imposições exigidas pela sociedade atual” reforçando que existe uma preocupação em “fazer crescer humanos conscientes da sua ação nos contextos em que se integram”. Para a Joana, o modelo pedagógico da Lua Crescente destaca-se por três motivos: i) a comunicação e cooperação com as famílias; ii) a metodologia pedagógica, de trabalho de projeto, que permite às crianças desenvolverem diversas competências e capacidades; iii) o facto de existirem as diversas valências – desde berçário a 1ºciclo, já que isso “permite a convivência e partilha entre crianças de várias idades”.
Quanto às crianças, o que mais a cativa é sem dúvida a espontaneidade e também a ingenuidade “que lhes permite estarem disponíveis para o outro e para o mundo, de braços abertos para conhecer, viver, crescer”. Para a Joana educar é quase poesia… “ Educar é, primeiro que tudo, escutar. Escutar com o coração, para perceber as necessidades do outro e o melhor modo de chegar até ele. É abrir os braços para acolher, proteger, acarinhar. É ser porto de abrigo e, ainda assim, ser causador de tempestades. Agitar ideias, provocar reações, encaminhar a novas descobertas, criar oportunidades de exploração e aprendizagem. É estar disponível para deixar entrar todos aqueles que precisam de nós e ajudá-los a encontrar o seu percurso para que deixemos de ser precisos.”.
Amante de sol, praia e piscina, a Joana adora viajar e “conhecer sítios, culturas e pessoas novas!”. Mas o que a deixa verdadeiramente feliz é estar com a família toda reunida à volta de uma mesa bem recheada, de preferência com comida italiana, a sua favorita, e reforça que nestes momentos “é sempre diversão garantida”!
Um dia mais tarde a Joana gostava de ser relembrada como “uma educadora carinhosa, que está sempre pronta a ajudar, que sabe brincar com as crianças e rir-se com elas e de si mesma!”, algo que decerto irá acontecer, pois o lema de vida da Joana é: “Se não sorrires para a vida, ela não sorri para ti!”. Sendo ela uma pessoa tão sorridente certamente que a vida ainda lhe vai sorrir muito…
 
Luísa Pombo
Auxiliar de Jardim de Infância
Luísa Pombo
Auxiliar de Jardim de Infância
A Luísa Pombo, mais conhecida pela nossa “Pomba”, pensava que iria ser Assistente Social num estabelecimento prisional e acabou por ir para a área da Educação, frequentando o curso de Educadores de Infância (que não concluiu) e depois o curso de Técnica de Ação Educativa... e passou a trabalhar na área. Hoje, a Luísa tem já 30 anos de experiência e já passou pelas várias valências (desde o Berçário até ao Jardim de Infância).
Gosta muito de viver entre as crianças, principalmente a partir dos 3 anos, em que elas já se expressam melhor oralmente e o que mais a cativa é a sua espontaneidade e alegria. Gostava de ser lembrada por elas como alguém que as ajudou a crescer!
Quando questionada sobre a Lua Crescente, diz que gosta do Projeto porque dá voz às crianças e famílias, o que origina uma relação de confiança entre todos os intervenientes da comunidade Educativa.
Para a Luísa, educar é dar amor e carinho mas com regras.
Nos tempos livres, gosta de ler e não dispensa um bom dia de praia!
 
Maria Lima
Auxiliar de Jardim de Infância
Maria Lima
Auxiliar de Jardim de Infância
A paixão por educar corre nas veias da Maria, uma vez que já a sua avó foi professora primária. Sempre quis seguir-lhe os passos, e atualmente é o seu curso de Auxiliar de Ação Educativa que lhe permite fazê-lo!
O que mais a fascina nas crianças é a sua alegria genuína e a espontaneidade, sobretudo na fase da creche, em que estão a fazer as primeiras descobertas.
Encara o seu trabalho com entusiasmo e acredita que educar é ajudar e estimular a autonomia, com amor.
Na Lua Crescente, encontrou o projeto ideal, que põe em prática a metodologia que sempre despertou o seu interesse e que valoriza a autonomia e a participação da criança: o Movimento da Escola Moderna.
Fora do trabalho, a Maria adora estar com a família, especialmente no Natal, época em que todos conseguem juntar-se, mesmo aqueles que vivem fora do país. É nesses momentos que se delicia com um belo bacalhau espiritual, enquanto tem conversas animadas repletas de gargalhadas que tanto a fazem feliz.
Acredita que consegue sempre tudo e, por isso, o seu lema é: eu consigo!
 
Ana Soraia Vieira
Auxiliar Polivalente
Ana Soraia Vieira
Auxiliar Polivalente
Quando era pequena, a Soraia queria ser advogada, mas é a trabalhar com crianças que se sente realizada! Formou-se em Auxiliar de Ação Educativa e até então acumulou experiência em diversas instituições.
Nutre um carinho especial pelo berçário, mas confessa que todas as idades a fascinam! Adora a honestidade das crianças e a forma empática como consolam os outros.
Procura educar com amizade, para que as crianças se tornem responsáveis e respeitadoras e gostava de ser lembrada com um sorriso, pela simpatia que procura transmitir. Acredita que a Lua Crescente respeita o desenvolvimento pessoal e social de cada criança e destaca a atenção dada a cada família como algo estruturante no projeto.
Se a querem ver contente, contem-lhe uma anedota e dêem-lhe comida (principalmente uma feijoada à transmontana) e quem lhe tira um belo passeio pelo campo com a família, a ouvir o som dos pássaros, tira-lhe tudo!
PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE CONVIVÊNCIA NO JARDIM DE INFÂNCIA
É normal uma criança não querer brincar com outras crianças?
Sim, é comum. Mas é importante criar oportunidades para interações regulares, com tempo, segurança e sem pressão.
Devemos obrigar a criança a partilhar?
Não. A partilha deve ser incentivada, nunca forçada. As crianças aprendem a partilhar com o exemplo dos adultos e com orientação consistente.
Como ajudar uma criança que quer sempre ser a primeira?
Com regras claras e previsíveis. Por exemplo: “hoje és tu, amanhã será outro colega”. Isto ensina que todos têm vez e que o grupo funciona melhor com respeito mútuo.
Na escola, as crianças também aprendem a respeitar os outros?
Sim. No Jardim de Infância, a convivência faz parte da rotina: nas filas, nos jogos, nas conversas, nas refeições. Aprender a viver em grupo é uma das grandes aprendizagens desta fase.
Como a Lua Crescente lida com os conflitos entre crianças?
Com diálogo, escuta ativa e empatia. Na Lua Crescente não se evitam os conflitos, ensina-se a lidar com eles de forma respeitosa e construtiva.
O que fazer quando uma criança diz que não gosta de outra?
Ouça com atenção, valide o sentimento e ajude a ver o ponto de vista do outro. A criança não precisa gostar de todos, mas deve aprender a respeitar.
Deve-se castigar maus comportamentos sociais?
Não. Em vez de castigar, o ideal é conversar, refletir sobre o que aconteceu e mostrar alternativas mais positivas para agir com os outros.
 
 
