Quando a autonomia fica pelo caminho
Mesmo em idade de Jardim de Infância, as crianças conseguem assumir pequenas responsabilidades. Mas quando os adultos fazem tudo por elas, seja por pressa, proteção ou hábito, limitam o seu espaço para crescer com confiança e autonomia. Pequenos gestos de responsabilidade são essenciais desde cedo.
Estes são alguns sinais de que a autonomia pode não estar a ser bem estimulada:
- Precisa sempre de ajuda para tarefas simples, como vestir-se ou arrumar.
- Evita tentar sozinha e pede logo apoio aos adultos.
- Mostra insegurança perante pequenos desafios do dia a dia.
- Desiste facilmente quando algo não corre bem à primeira.

Por que é tão importante incentivar a autonomia no Jardim de Infância?
Promover autonomia desde cedo é dar ferramentas reais às crianças para crescerem mais confiantes, seguras e resilientes.
Ao assumir pequenas responsabilidades e participar ativamente nas tarefas diárias, a criança desenvolve autoestima, curiosidade e capacidade de lidar com desafios, preparando-se melhor para explorar o mundo que a rodeia.
Como ajudamos as crianças a crescer com autonomia
 
A nossa abordagem
No Jardim de Infância da Lua Crescente, a autonomia e a responsabilidade são promovidas de forma intencional e diária. Criamos oportunidades reais para que cada criança possa experimentar, errar e descobrir o que já consegue fazer por si mesma, sempre com o apoio certo, na altura certa.
O que fazemos no dia a dia do Jardim de Infância:
 
Dar tempo – Esperamos antes de ajudar, permitindo à criança tentar primeiro.
 
Apoio com equilíbrio – Ajustamos o tipo e o nível de ajuda, de acordo com a necessidade de cada criança.
 
Ensinar a pedir – Incentivamos as crianças a reconhecerem quando precisam de ajuda e a solicitá-la com confiança.
 
Rotinas significativas – Aproveitamos as tarefas diárias como momentos práticos de responsabilização.
 
Valorização da entreajuda – Promovemos momentos em que crianças mais velhas ajudam as mais novas, reforçando o sentimento de responsabilidade e cooperação.
 
Escolhas simples – Proporcionamos pequenas decisões que ajudam as crianças a perceber que têm voz ativa e que são capazes de decidir.
 
 
E em casa, como ajudar a criança a ser responsável e autónoma?
 
Os nossos conselhos
Nem sempre é simples dar espaço para que as crianças façam sozinhas, sobretudo quando o tempo aperta. No entanto, dar-lhes tempo para tentarem, errarem e voltarem a tentar é fundamental para construírem confiança e responsabilidade. Pequenos gestos do dia a dia podem ajudar a fortalecer essa autonomia.
Descubra alguns conselhos simples que pode pôr em prática para ajudar a criança a ser mais autónoma:
 
Deixar que a criança se vista, se calce ou arrume os brinquedos, mesmo que leve mais tempo.
 
Apoiar quando é necessário, explicar como se faz e não fazer pela criança.
 
Transformar atividades diárias (pôr a mesa, cuidar de animais, escolher a roupa) em pequenas responsabilidades.
 
Explicar que não saber ou não conseguir não é falhar, é uma oportunidade de aprender e pedir ajuda.
 
Elogiar sempre que a criança tenta sozinha, mesmo que o resultado não seja perfeito.
 
Incentivar a criança a resolver pequenos erros como limpar o que derramou ou corrigir enganos sem repreensão.
 
Dar opções claras: “preferes esta camisola ou aquela?”, “arrumas antes ou depois do banho?”
Conheça quem fala consigo, com o coração e experiência
 
Cátia Valadas
Educadora de Jardim de infância
 
Joana Conceição
Educadora de Jardim de infância
Joana Conceição
Educadora de Jardim de infância
Sabendo desde sempre que o seu caminho seria feito lado a lado com crianças, a Joana desde cedo sabia que o seu futuro seria como professora ou como educadora. Refere que foi logo no 9º ano que decidiu que seria educadora de infância e “nada mudou desde aí”! Trabalhando desde os seus 16 anos com crianças (em acompanhamento de grupos durante as atividades não letivas), uns anos mais tarde ingressou na Escola Superior de Educação de Lisboa e tornou-se Mestre em Educação Pré-Escolar.
Ao ser questionada sobre como vê o projeto da Lua Crescente, a Joana considera que “O projeto da Lua Crescente enquadra-se, sem dúvida, nas necessidades e imposições exigidas pela sociedade atual” reforçando que existe uma preocupação em “fazer crescer humanos conscientes da sua ação nos contextos em que se integram”. Para a Joana, o modelo pedagógico da Lua Crescente destaca-se por três motivos: i) a comunicação e cooperação com as famílias; ii) a metodologia pedagógica, de trabalho de projeto, que permite às crianças desenvolverem diversas competências e capacidades; iii) o facto de existirem as diversas valências – desde berçário a 1ºciclo, já que isso “permite a convivência e partilha entre crianças de várias idades”.
Quanto às crianças, o que mais a cativa é sem dúvida a espontaneidade e também a ingenuidade “que lhes permite estarem disponíveis para o outro e para o mundo, de braços abertos para conhecer, viver, crescer”. Para a Joana educar é quase poesia… “ Educar é, primeiro que tudo, escutar. Escutar com o coração, para perceber as necessidades do outro e o melhor modo de chegar até ele. É abrir os braços para acolher, proteger, acarinhar. É ser porto de abrigo e, ainda assim, ser causador de tempestades. Agitar ideias, provocar reações, encaminhar a novas descobertas, criar oportunidades de exploração e aprendizagem. É estar disponível para deixar entrar todos aqueles que precisam de nós e ajudá-los a encontrar o seu percurso para que deixemos de ser precisos.”.
Amante de sol, praia e piscina, a Joana adora viajar e “conhecer sítios, culturas e pessoas novas!”. Mas o que a deixa verdadeiramente feliz é estar com a família toda reunida à volta de uma mesa bem recheada, de preferência com comida italiana, a sua favorita, e reforça que nestes momentos “é sempre diversão garantida”!
Um dia mais tarde a Joana gostava de ser relembrada como “uma educadora carinhosa, que está sempre pronta a ajudar, que sabe brincar com as crianças e rir-se com elas e de si mesma!”, algo que decerto irá acontecer, pois o lema de vida da Joana é: “Se não sorrires para a vida, ela não sorri para ti!”. Sendo ela uma pessoa tão sorridente certamente que a vida ainda lhe vai sorrir muito…
 
Luísa Pombo
Auxiliar de Jardim de Infância
Luísa Pombo
Auxiliar de Jardim de Infância
A Luísa Pombo, mais conhecida pela nossa “Pomba”, pensava que iria ser Assistente Social num estabelecimento prisional e acabou por ir para a área da Educação, frequentando o curso de Educadores de Infância (que não concluiu) e depois o curso de Técnica de Ação Educativa... e passou a trabalhar na área. Hoje, a Luísa tem já 30 anos de experiência e já passou pelas várias valências (desde o Berçário até ao Jardim de Infância).
Gosta muito de viver entre as crianças, principalmente a partir dos 3 anos, em que elas já se expressam melhor oralmente e o que mais a cativa é a sua espontaneidade e alegria. Gostava de ser lembrada por elas como alguém que as ajudou a crescer!
Quando questionada sobre a Lua Crescente, diz que gosta do Projeto porque dá voz às crianças e famílias, o que origina uma relação de confiança entre todos os intervenientes da comunidade Educativa.
Para a Luísa, educar é dar amor e carinho mas com regras.
Nos tempos livres, gosta de ler e não dispensa um bom dia de praia!
 
Maria Lima
Auxiliar de Jardim de Infância
Maria Lima
Auxiliar de Jardim de Infância
A paixão por educar corre nas veias da Maria, uma vez que já a sua avó foi professora primária. Sempre quis seguir-lhe os passos, e atualmente é o seu curso de Auxiliar de Ação Educativa que lhe permite fazê-lo!
O que mais a fascina nas crianças é a sua alegria genuína e a espontaneidade, sobretudo na fase da creche, em que estão a fazer as primeiras descobertas.
Encara o seu trabalho com entusiasmo e acredita que educar é ajudar e estimular a autonomia, com amor.
Na Lua Crescente, encontrou o projeto ideal, que põe em prática a metodologia que sempre despertou o seu interesse e que valoriza a autonomia e a participação da criança: o Movimento da Escola Moderna.
Fora do trabalho, a Maria adora estar com a família, especialmente no Natal, época em que todos conseguem juntar-se, mesmo aqueles que vivem fora do país. É nesses momentos que se delicia com um belo bacalhau espiritual, enquanto tem conversas animadas repletas de gargalhadas que tanto a fazem feliz.
Acredita que consegue sempre tudo e, por isso, o seu lema é: eu consigo!
 
Ana Soraia Vieira
Auxiliar Polivalente
Ana Soraia Vieira
Auxiliar Polivalente
Quando era pequena, a Soraia queria ser advogada, mas é a trabalhar com crianças que se sente realizada! Formou-se em Auxiliar de Ação Educativa e até então acumulou experiência em diversas instituições.
Nutre um carinho especial pelo berçário, mas confessa que todas as idades a fascinam! Adora a honestidade das crianças e a forma empática como consolam os outros.
Procura educar com amizade, para que as crianças se tornem responsáveis e respeitadoras e gostava de ser lembrada com um sorriso, pela simpatia que procura transmitir. Acredita que a Lua Crescente respeita o desenvolvimento pessoal e social de cada criança e destaca a atenção dada a cada família como algo estruturante no projeto.
Se a querem ver contente, contem-lhe uma anedota e dêem-lhe comida (principalmente uma feijoada à transmontana) e quem lhe tira um belo passeio pelo campo com a família, a ouvir o som dos pássaros, tira-lhe tudo!
PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE AUTONOMIA NO JARDIM DE INFÂNCIA
A criança ainda é muito pequena. Precisa mesmo de ter responsabilidades?
Sim. A responsabilidade infantil pode (e deve) ser trabalhada desde cedo, com pequenas tarefas do dia a dia, adaptadas à idade. Isso contribui para o desenvolvimento da autonomia no Jardim de Infância.
E se a criança não quiser fazer uma tarefa sozinha sozinha?
É natural. O papel do adulto é encorajar com calma, dar tempo e manter rotinas consistentes, sem pressão.
Como saber se estou a ajudar demais a minha criança?
Se está sempre a antecipar as necessidades da criança ou a fazer por ela, pode não estar a dar espaço para que desenvolva autonomia e sentido de competência.
Autonomia é fazer tudo sozinho?
Não. Autonomia é saber o que já se consegue fazer, reconhecer quando é preciso ajuda e aprender a pedi-la com confiança.
E se a criança não fizer a tarefa como “deve ser”?
O erro faz parte da aprendizagem. O mais importante é que tente e se sinta capaz. Com tempo e prática, melhora naturalmente.
O Jardim de Infância ensina as crianças a serem responsáveis e autónomas?
Sim. A educação pré-escolar trabalha a autonomia e a responsabilidade através da rotina, das tarefas práticas e da relação com os outros. Mas em casa estas competências consolidam-se com o exemplo e a prática diária.
Como posso reforçar a autonomia no Jardim de Infância em casa?
Deixe a criança vestir-se, arrumar brinquedos ou ajudar nas rotinas. Estes pequenos gestos promovem segurança, autonomia e sentido de pertença.
 
 
