Quando a criança começa a rejeitar alimentos
À medida que crescem, é natural que as crianças comecem a afirmar vontades também à mesa. Muitas recusam alimentos que antes aceitavam, mostram resistência a sabores novos ou imitam as preferências dos colegas. O importante é não ceder ao primeiro “não” e manter a confiança nas rotinas.
Sinais comuns de desafio alimentar nesta fase:
- Rejeitam alimentos sem os experimentar.
- Recusam legumes e verduras com maior frequência.
- Influenciam-se pelas escolhas dos colegas à mesa.
- Precisam de distrações (como ecrãs) para conseguir comer.

Por que é tão importante valorizar o momento das refeições?
No Jardim de Infância, a alimentação vai muito além de nutrir. É um momento de aprendizagem, convivência e descoberta.
Ao respeitarmos o ritmo da criança, sem abdicar da variedade e consistência, ajudamos a formar hábitos saudáveis e a criar uma relação positiva com a comida.
Sentar corretamente, experimentar novos alimentos ou usar talheres são pequenos gestos que, dia após dia, ensinam autonomia, respeito e escolhas conscientes para o futuro.
Como incentivamos as crianças a comer com consciência e prazer
 
A nossa abordagem
No Jardim de Infância da Lua Crescente, encaramos os momentos de refeição como oportunidades pedagógicas. Cada etapa, desde experimentar um novo alimento até sentar-se corretamente à mesa, é acompanhada com intencionalidade. O objetivo? Que a criança ganhe autonomia, se relacione melhor com os alimentos e perceba que comer bem também se aprende.
O que fazemos no dia a dia no Jardim de Infância:
 
Comer juntos, sempre que possível
As crianças comem em grupo, com adultos por perto. Ver os amigos a comer legumes é, muitas vezes, o melhor incentivo.
 
Estratégia dos andaimes alimentares
Mesmo quando há recusa, mantemos o alimento no prato em pequenas quantidades. O objetivo é dar tempo sem retirar a oportunidade de experimentar.
 
Regras sociais à mesa
Incentivamos rotinas como sentar corretamente, esperar pela sua vez e usar os talheres com autonomia e respeito pelo grupo.
 
Variedade com leveza, nunca com pressão
Oferecemos diversidade alimentar de forma consistente, mas sem castigos ou chantagens. Comer é também uma escolha com tempo.
 
Ligação ativa com as famílias
Partilhamos estratégias, ouvimos os pais e alinhamos expectativas, reforçando a confiança e a continuidade entre casa e escola.
 
Grupo heterogéneo
A convivência entre crianças de diferentes idades estimula a curiosidade alimentar, a aceitação de novos alimentos e o prazer de comer.
 
 
E em casa, como ajudar a criança a comer melhor e sem birras?
 
Os nossos conselhos
Sabemos o quão frustrante pode ser quando a criança rejeita “tudo o que é verde”, faz birra só de ver os legumes no prato ou mal se senta à mesa e já quer sair. A hora da refeição, que podia ser tranquila, transforma-se muitas vezes numa confusão desgastante. Mas não tem de ser assim.
Aqui ficam algumas ideias práticas para tornar as refeições mais leves (e mais nutritivas):
 
Colocar sempre o alimento no prato, mesmo que coma pouco. Uma colher ou um pedaço já conta como exposição.
 
Menos é mais. Um pedacinho pequeno é mais fácil de aceitar do que um prato cheio.
 
Comam juntos sempre que possível. Ver os pais a comer legumes com naturalidade é um grande incentivo.
 
Manter as regras da refeição: sentar-se bem, permanecer à mesa e esperar que todos terminem.
 
Evitar ecrãs. Comer com atenção ajuda a criar ligação com os sabores.
 
Se cheirou, tocou ou provou, mesmo sem engolir, elogie! Cada tentativa conta.
 
Evitar trocas como “se comeres os espinafres, há sobremesa”. Isso associa o saudável a uma obrigação.
 
Dizer “hoje não queres? Está tudo bem”, mas reforce que o alimento voltará a aparecer. Persistência com afeto funciona.
Conheça quem fala consigo, com o coração e experiência
 
Cátia Valadas
Educadora de Jardim de infância
 
Joana Conceição
Educadora de Jardim de infância
Joana Conceição
Educadora de Jardim de infância
Sabendo desde sempre que o seu caminho seria feito lado a lado com crianças, a Joana desde cedo sabia que o seu futuro seria como professora ou como educadora. Refere que foi logo no 9º ano que decidiu que seria educadora de infância e “nada mudou desde aí”! Trabalhando desde os seus 16 anos com crianças (em acompanhamento de grupos durante as atividades não letivas), uns anos mais tarde ingressou na Escola Superior de Educação de Lisboa e tornou-se Mestre em Educação Pré-Escolar.
Ao ser questionada sobre como vê o projeto da Lua Crescente, a Joana considera que “O projeto da Lua Crescente enquadra-se, sem dúvida, nas necessidades e imposições exigidas pela sociedade atual” reforçando que existe uma preocupação em “fazer crescer humanos conscientes da sua ação nos contextos em que se integram”. Para a Joana, o modelo pedagógico da Lua Crescente destaca-se por três motivos: i) a comunicação e cooperação com as famílias; ii) a metodologia pedagógica, de trabalho de projeto, que permite às crianças desenvolverem diversas competências e capacidades; iii) o facto de existirem as diversas valências – desde berçário a 1ºciclo, já que isso “permite a convivência e partilha entre crianças de várias idades”.
Quanto às crianças, o que mais a cativa é sem dúvida a espontaneidade e também a ingenuidade “que lhes permite estarem disponíveis para o outro e para o mundo, de braços abertos para conhecer, viver, crescer”. Para a Joana educar é quase poesia… “ Educar é, primeiro que tudo, escutar. Escutar com o coração, para perceber as necessidades do outro e o melhor modo de chegar até ele. É abrir os braços para acolher, proteger, acarinhar. É ser porto de abrigo e, ainda assim, ser causador de tempestades. Agitar ideias, provocar reações, encaminhar a novas descobertas, criar oportunidades de exploração e aprendizagem. É estar disponível para deixar entrar todos aqueles que precisam de nós e ajudá-los a encontrar o seu percurso para que deixemos de ser precisos.”.
Amante de sol, praia e piscina, a Joana adora viajar e “conhecer sítios, culturas e pessoas novas!”. Mas o que a deixa verdadeiramente feliz é estar com a família toda reunida à volta de uma mesa bem recheada, de preferência com comida italiana, a sua favorita, e reforça que nestes momentos “é sempre diversão garantida”!
Um dia mais tarde a Joana gostava de ser relembrada como “uma educadora carinhosa, que está sempre pronta a ajudar, que sabe brincar com as crianças e rir-se com elas e de si mesma!”, algo que decerto irá acontecer, pois o lema de vida da Joana é: “Se não sorrires para a vida, ela não sorri para ti!”. Sendo ela uma pessoa tão sorridente certamente que a vida ainda lhe vai sorrir muito…
 
Luísa Pombo
Auxiliar de Jardim de Infância
Luísa Pombo
Auxiliar de Jardim de Infância
A Luísa Pombo, mais conhecida pela nossa “Pomba”, pensava que iria ser Assistente Social num estabelecimento prisional e acabou por ir para a área da Educação, frequentando o curso de Educadores de Infância (que não concluiu) e depois o curso de Técnica de Ação Educativa... e passou a trabalhar na área. Hoje, a Luísa tem já 30 anos de experiência e já passou pelas várias valências (desde o Berçário até ao Jardim de Infância).
Gosta muito de viver entre as crianças, principalmente a partir dos 3 anos, em que elas já se expressam melhor oralmente e o que mais a cativa é a sua espontaneidade e alegria. Gostava de ser lembrada por elas como alguém que as ajudou a crescer!
Quando questionada sobre a Lua Crescente, diz que gosta do Projeto porque dá voz às crianças e famílias, o que origina uma relação de confiança entre todos os intervenientes da comunidade Educativa.
Para a Luísa, educar é dar amor e carinho mas com regras.
Nos tempos livres, gosta de ler e não dispensa um bom dia de praia!
 
Maria Lima
Auxiliar de Jardim de Infância
Maria Lima
Auxiliar de Jardim de Infância
A paixão por educar corre nas veias da Maria, uma vez que já a sua avó foi professora primária. Sempre quis seguir-lhe os passos, e atualmente é o seu curso de Auxiliar de Ação Educativa que lhe permite fazê-lo!
O que mais a fascina nas crianças é a sua alegria genuína e a espontaneidade, sobretudo na fase da creche, em que estão a fazer as primeiras descobertas.
Encara o seu trabalho com entusiasmo e acredita que educar é ajudar e estimular a autonomia, com amor.
Na Lua Crescente, encontrou o projeto ideal, que põe em prática a metodologia que sempre despertou o seu interesse e que valoriza a autonomia e a participação da criança: o Movimento da Escola Moderna.
Fora do trabalho, a Maria adora estar com a família, especialmente no Natal, época em que todos conseguem juntar-se, mesmo aqueles que vivem fora do país. É nesses momentos que se delicia com um belo bacalhau espiritual, enquanto tem conversas animadas repletas de gargalhadas que tanto a fazem feliz.
Acredita que consegue sempre tudo e, por isso, o seu lema é: eu consigo!
 
Ana Soraia Vieira
Auxiliar Polivalente
Ana Soraia Vieira
Auxiliar Polivalente
Quando era pequena, a Soraia queria ser advogada, mas é a trabalhar com crianças que se sente realizada! Formou-se em Auxiliar de Ação Educativa e até então acumulou experiência em diversas instituições.
Nutre um carinho especial pelo berçário, mas confessa que todas as idades a fascinam! Adora a honestidade das crianças e a forma empática como consolam os outros.
Procura educar com amizade, para que as crianças se tornem responsáveis e respeitadoras e gostava de ser lembrada com um sorriso, pela simpatia que procura transmitir. Acredita que a Lua Crescente respeita o desenvolvimento pessoal e social de cada criança e destaca a atenção dada a cada família como algo estruturante no projeto.
Se a querem ver contente, contem-lhe uma anedota e dêem-lhe comida (principalmente uma feijoada à transmontana) e quem lhe tira um belo passeio pelo campo com a família, a ouvir o som dos pássaros, tira-lhe tudo!
PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE ALIMENTAÇÃO NO JARDIM DE INFÂNCIA
O que fazer quando a criança diz que não gosta de um alimento?
Manter o alimento no prato, incentivar com calma e apresentar em pequenas quantidades, sem pressionar. A exposição repetida aumenta a aceitação.
Na Lua Crescente obrigam as crianças a comer de tudo?
Não. Mas incentivamos a provar um pouco de cada alimento. Para isso criamos andaimes ajustados a cada criança, por exemplo, hoje é só um pedaço, amanhã já consegue comer dois. O importante é criar o hábito de comer de tudo um pouco, mesmo que se goste menos.
O colégio respeita restrições alimentares?
Sim. Na Lua Crescente adaptamos as refeições a alergias, intolerâncias e restrições alimentares, sempre em articulação com a família.
O que acontece se a criança não comer nada?
Falamos com a criança de forma tranquila e comunicamos com a família. Procuramos juntos estratégias que respeitem o bem-estar da criança.
A refeição é um momento educativo?
Sim. Trabalhamos hábitos sociais como estar sentado, esperar a vez, usar talheres, experimentar novos alimentos e partilhar o momento com os colegas.
E se em casa recusarem alimentos que comem na escola?
É muito frequente. As crianças adaptam-se ao contexto. Por isso, reforçamos a importância da consistência entre casa e escola e partilhamos estratégias com as famílias.
Como funciona a refeição com crianças de idades diferentes?
A heterogeneidade do grupo é uma mais-valia. Os mais novos aprendem pelo exemplo e os mais velhos reforçam competências ao ajudar os colegas mais pequenos.
 
 
