Quando comer passa a ser um momento de tensão
A introdução alimentar pode ser uma fonte de ansiedade para bebés e famílias. Rejeição de alimentos sólidos, engasgamentos ou recusa da colher são sinais frequentes quando não há uma transição gradual e estruturada. Adiar certos estímulos ou deixar o bebé “decidir tudo” pode dificultar a adaptação e o desenvolvimento saudável.
Algumas das dificuldades mais comuns são:
- Comer apenas com distrações ou sob pressão;
- Rejeitar a colher ou fechar a boca perante a comida;
- Engasgar-se ou não saber mastigar alimentos mais densos;
- Resistência constante à introdução de novos sabores e texturas.

Por que aprender a comer é tão importante nos primeiros anos?
Nesta fase, o bebé não está apenas a aprender a comer, está a preparar o corpo para falar, explorar e tornar-se mais autónomo.
Quando mastiga, desenvolve os músculos essenciais à articulação das palavras. Ao levar um pedaço de fruta à boca ou segurar a colher, treina a coordenação motora. E, ao partilhar estes momentos com o adulto, fortalece o vínculo e a confiança.
Por isso, no Berçário da Lua Crescente, a introdução alimentar é vivida com intenção, tranquilidade e respeito. Porque comer bem é mesmo um dos primeiros grandes passos para crescer saudável.
Como fazemos das refeições do seu bebé uma experiência tranquila e positiva?
 
A nossa abordagem
No nosso berçário, as refeições são feitas um a um. Cada bebé é acompanhado individualmente, com tempo e atenção dedicada.
Este acompanhamento permite observar sinais de prontidão, introduzir texturas com segurança e respeitar o tempo do seu bebé.
O que fazemos no dia a dia no berçário:
 
Atenção individual - Acompanhamos cada bebé no momento da refeição, com atenção plena e sem pressa
 
Ritmo respeitado - Observamos sinais de prontidão e ajustamos a alimentação à fase de desenvolvimento de cada bebé
 
Refeições personalizadas - Trabalhamos com a Bebé Gourmet para oferecer refeições ajustadas às necessidades de cada bebé
 
Qualidade e sabor - Servimos alimentos bem confeccionados, com cortes específicos e fruta da época
 
Estimular a mastigação - Promovemos texturas adequadas e oportunidades para o bebé explorar com autonomia
 
Ligação com a família - Mantemos uma comunicação diária sobre o que foi oferecido e como correu a refeição
 
 
E em casa, como posso fazer da introdução alimentar mais tranquila para o meu bebé?
 
Os nossos conselhos
Dar continuidade ao que o bebé vive no berçário ajuda-o a ganhar confiança e gosto por comer, sem birras!
Veja algumas estratégias que fazem a diferença:
 
Criar um ambiente tranquilo, sem distrações
 
Alinhar rotinas com o berçário sempre que possível
 
Permitir que o bebé explore a comida com as mãos
 
Introduzir texturas diferentes de forma progressiva
 
Evitar forçar, mas também não desistir à primeira recusa
 
Iniciar a alimentação complementar com orientação e segurança
 
Evitar prolongar alimentos totalmente passados por muito tempo
 
Valorizar o momento da refeição como um espaço de aprendizagem e relação
Conheça quem fala consigo, com o coração e experiência
 
Ana Patrício
Educadora de Berçário e Creche
 
Tatiana Mendes
Auxiliar de Berçário
Tatiana Mendes
Auxiliar de Berçário
A Tatiana já fez de tudo um pouco. Quando era pequena sonhava ser cantora ou médica, mas a vida dá muitas voltas e hoje sabe que a sua verdadeira paixão é a educação. Encantada por bebés até ao 1 ano de idade, adora ver a sua evolução diária e observar cada conquista.
Acredita que educar é ensinar, dar amor e saber dizer que “não” no momento certo. Vê na Lua Crescente um projeto familiar que apoia os pais e as crianças nas suas necessidades e valoriza os seus interesses, através da metodologia de trabalho por projeto.
Nos tempos livres a Tatiana gosta de costurar, de fazer aulas de Zumba e de passar tempo com a sua família, de preferência a comer carne de porco à alentejana!
 
Carina César
Auxiliar de Berçário
Carina César
Auxiliar de Berçário
Em pequena, a Carina sonhava ser bióloga marinha, mas pelo caminho mudou o rumo e foi tirar o curso de técnica de apoio à infância na ESCO, em Torres Vedras. A trabalhar nesta área há 6 anos, já passou por todas as valências desde o Berçário até ao 3.º ciclo, e também já prestou apoio numa unidade de ensino especial.
O que mais a atrai nas crianças são os desafios que nos apresentam, os sorrisos fáceis e a forma simples e genuína como transmitem amor, mas também a imaginação que têm...
A Carina afirma que a evolução constante das crianças é algo que a fascina e a faz refletir sobre a profissão que escolheu e acreditar, todos os dias, que tomou a decisão certa.
Para a Carina, a Lua Crescente é como uma família onde todos os membros dão parte da sua experiência e formação para que seja um lugar melhor, todos os dias. Um projeto bem orientado e cuidado onde cada criança pode crescer de forma livre e desenvolver as suas competências com todas as bases necessárias.
Acredita que educar é ensinar a crescer de forma saudável e autónoma sem esquecer a importância de brincar, porque, na sua visão, brincar é evoluir, descobrir, imaginar, cuidar, entender e perguntar mostrando em cada brincadeira que há sempre algo novo a descobrir.
Gostava que as crianças a recordassem com felicidade no olhar, como alguém que as ajudou e ensinou no seu percurso, sem esquecer as mil gargalhadas que deram juntas, nem as brincadeiras.
Caracteriza-se como uma pessoa feliz, mas o que realmente a deixa sorridente é a irmã – é com ela que acontecem as gargalhadas mais verdadeiras e genuínas. Gosta de um bom dia de praia ou piscina rodeada de amigos e um jogo de cartas. É fã de adrenalina e de atividades radicais e não dispensa uma ida ao teatro. Detesta mentiras!
Como lema de vida a Carina defende que “desistir é morrer” e “lutando vencerás”.
 
Ana Soraia Vieira
Auxiliar Polivalente
Ana Soraia Vieira
Auxiliar Polivalente
Quando era pequena, a Soraia queria ser advogada, mas é a trabalhar com crianças que se sente realizada! Formou-se em Auxiliar de Ação Educativa e até então acumulou experiência em diversas instituições.
Nutre um carinho especial pelo berçário, mas confessa que todas as idades a fascinam! Adora a honestidade das crianças e a forma empática como consolam os outros.
Procura educar com amizade, para que as crianças se tornem responsáveis e respeitadoras e gostava de ser lembrada com um sorriso, pela simpatia que procura transmitir. Acredita que a Lua Crescente respeita o desenvolvimento pessoal e social de cada criança e destaca a atenção dada a cada família como algo estruturante no projeto.
Se a querem ver contente, contem-lhe uma anedota e dêem-lhe comida (principalmente uma feijoada à transmontana) e quem lhe tira um belo passeio pelo campo com a família, a ouvir o som dos pássaros, tira-lhe tudo!
PERGUNTAS SOBRE OS DESAFIOS DA INTRODUÇÃO ALIMENTAR
Quando começa a introdução alimentar no berçário?
A introdução alimentar só começa quando o bebé mostra sinais de prontidão. Se os pais quiserem manter apenas o leite materno até aos 6 meses, essa decisão é respeitada. Quando iniciamos este processo no berçário, começamos com sopa e seguimos as orientações da família sobre os primeiros alimentos a introduzir.
Como é feita a introdução dos alimentos sólidos?
Seguimos o princípio dos 3 dias por alimento, se não houver reação, introduzimos um novo. Algumas famílias preferem iniciar a introdução em casa e apenas partilham connosco o que já foi oferecido; outras pedem que façamos esse acompanhamento na escola. Cada bebé tem uma ementa semanal individual. Avaliamos a evolução da alimentação, inclusive a nível da dentição, e, com o aval dos pais, acrescentamos gradualmente alimentos como arroz ou massa. Quando percebemos que sopa e fruta já não são suficientes, partilhamos com os pais e orientamos os próximos passos. A sopa continua a incluir proteína até o bebé conseguir comer uma boa quantidade de prato sólido. Nessa altura, a proteína é retirada da sopa, garantindo uma transição segura e sem pressões.
Como é introduzida a fruta no berçário?
A fruta começa por ser oferecida esmagada ou em lasquinhas, nunca triturada. À medida que o bebé evolui, é apresentada aos pedaços, de forma progressiva. Este processo ajuda o bebé a treinar a mastigação, explorar texturas e desenvolver os músculos importantes para a fala.
O berçário da Lua Crescente utiliza o método baby-led weaning?
Não seguimos o baby-led weaning puro. A nossa experiência mostra que esta abordagem, quando aplicada de forma exclusiva, pode levar a regressões alimentares. Defendemos uma introdução estruturada e segura, que valoriza a mastigação e prepara o bebé para aceitar diferentes alimentos com confiança.
O que acontece se o meu bebé não quiser comer?
Nunca forçamos. Se o bebé não quiser comer, respeitamos o seu tempo, mas mantemos uma rotina consistente. A refeição é apresentada de forma positiva e repetida com paciência, criando familiaridade e confiança. A recusa faz parte do processo, mas não desistimos à primeira.
Como acompanham a alimentação do meu bebé?
O momento da refeição é feito de forma individual. O seu bebé tem a atenção e dedicação exclusivas de um adulto que o acompanha com tranquilidade e presença. Todos os dias partilhamos com os pais o que foi oferecido, como correu a refeição, o que o bebé aceitou ou recusou e quaisquer observações relevantes. Esta comunicação é essencial para garantir continuidade entre casa e berçário e uma introdução alimentar coerente e segura.
Por que é importante mastigar desde cedo?
A mastigação estimula os músculos faciais e os movimentos dos maxilares, que são fundamentais para a articulação da fala. Prolongar o uso exclusivo de sopas ou adiar a introdução de texturas pode dificultar o desenvolvimento da linguagem. Por isso, incentivamos a mastigação com alimentos adaptados, desde os primeiros passos da alimentação complementar.
 
 
