Hoje em dia, as crianças têm contacto com dispositivos tecnológicos cada vez mais cedo e por mais tempo.
Quando chegam ao primeiro ciclo, contam já com muitas horas em frente aos ecrãs.
Será que isso pode condicionar um crescimento saudável? E qual o tempo considerado aceitável?
É o que vamos descobrir.
Realidade atual das crianças quanto à utilização dos dispositivos eletrónicos
Hoje, a oferta de dispositivos eletrónicos presente na maioria das casas alarga-se para tablets, smartphones ou consolas, além das televisões e computadores.
Esta realidade leva a que as crianças tenham acesso aos ecrãs durante uma grande parte do dia e de forma contínua.
Além do mais, é perfeitamente compreensível que representem uma tentação, graças à imensidão de estímulos concentrados num só objeto, transmitidos nos mais variados formatos – cores, sons, movimentos e inúmeras formas de interação.
Tudo isto leva-nos até à realidade de hoje – o número de horas passadas em frente ao ecrã tem aumentado com o tempo, mesmo em núcleos familiares mais desfavorecidos.
De acordo com um estudo da Universidade de Coimbra, entre dos 6 aos 10 anos 33% das crianças portuguesas passam mais de duas horas diárias em frente ao ecrã, durante a semana.
Já ao fim de semana, o número dispara – 88% das crianças ultrapassa a mesma referência diária -, perfazendo uma média de 200 minutos por dia.
Conheça as recomendações
Para crianças até aos 2 anos, os conselhos da Organização Mundial de Saúde e da Associação Americana de Pediatria são mais restritivos: são desaconselhadas quaisquer horas passadas com dispositivos eletrónicos, especialmente de forma passiva, isto é, como forma de entretenimento.
Daí em diante, podem ser permitidos alguns momentos, chegando até às 2 horas diárias recomendadas para crianças em idade escolar.
Então, segundo os dados anteriores, a realidade portuguesa ultrapassa o recomendado.
Ainda assim, trata-se mais de uma questão de bom senso e de supervisão. Isto significa que, mais importante do que o período de tempo, é a qualidade do conteúdo assistido, sendo que algumas matérias podem estimular a aprendizagem e a imaginação.
Mesmo assim, as referências recomendadas devem ser tidas em consideração.
Quais as consequências do uso excessivo de aparelhos tecnológicos?
Não é segredo para ninguém que os meios eletrónicos têm muitas vantagens, mas quando utilizados de forma responsável.
Caso contrário, se usados em excesso, podem apresentar consequências negativas para as crianças.
Primeiro, algumas evidências apontam que as crianças que passam mais tempo do que o recomendado em frente aos ecrãs podem ver a sua capacidade cognitiva afetada, prejudicando a aprendizagem.
Além disso, estes períodos promovem a inatividade, levando a que os autores do estudo da Universidade de Coimbra associem o uso excessivo dos ecrãs ao desenvolvimento de hábitos sedentários e riscos de obesidade e/ou diabetes.
Mas há mais: podem também comprometer a esfera social, já que promovem um contacto virtual com pessoas e não pessoal.
Por último, estes hábitos podem ainda prejudicar a qualidade do sono das crianças. Até para nós, adultos, por vezes é difícil desligar completamente dos meios tecnológicos, certo?
Papel dos Pais no uso equilibrado dos ecrãs
Sabemos que, na maioria dos casos, estes hábitos excessivos são promovidos por uma questão de necessidade dos pais, na esperança de manter as crianças entretidas enquanto realizam outras tarefas, principalmente depois de um dia extenuante de trabalho, o que é compreensível.
Mas existem algumas formas de encontrar um equilíbrio entre estes momentos eletrónicos, que certamente as crianças gostam, e outras atividades estimulantes, para que consigam controlar melhor estas dinâmicas.
Seguem, então, algumas dicas para ajudar os pais:
- Estabelecer limites de tempo para utilizar dispositivos eletrónicos – proibir totalmente não é boa ideia, já que resultará em amuos, que possivelmente é o que está a tentar evitar;
- Deixar claro os limites diários para que a criança saiba com o que pode contar;
- Permitir alargar estes horários aos fins de semana e nas férias (sem exageros);
- Incentivar a praticar atividade física, de preferência ao ar livre, e o convívio com amigos;
- Evitar ter estes equipamentos no quarto da criança;
- Estabelecer momentos em família sem tecnologia – por exemplo, podem definir que, ao jantar, não são permitidos telemóveis;;
- Incentivar a não usar estes dispositivos pelo menos 1 hora antes de dormir (para se preparar para o descanso);
- Impedir o uso durante a hora do estudo.
Ainda assim, não se esqueça que a melhor forma de educar a sua criança é através dos exemplos que transmite.
Passar tempo em conjunto a brincar sem elementos tecnológicos pode levá-la a perceber que outros estímulos e atividades são também prazerosas.
Aprender com estímulos variados e equilibrados para crescer melhor
Ainda que as crianças não tenham contacto com dispositivos eletrónicos em casa, ou com pouca frequência, é possível que aconteça na escola.
O importante é que sejam utilizados como ferramenta de trabalho e de aprendizagem, para consolidar conhecimentos, sempre com a supervisão dos professores. Assim, os estímulos que recebem serão diversificados.
É o que acontece precisamente na Lua Crescente, onde a preocupação é proporcionar todos os meios para que as crianças aprendam o mais possível, sempre de forma responsável, equilibrada e, consequentemente, mais feliz.