Num abrir e fechar de olhos, as crianças começam a ultrapassar cada uma das etapas mais marcantes do seu crescimento, entre as quais se inclui a hora em que deixam de usar fraldas.
Ainda assim, este é um assunto que inquieta muitos pais, principalmente porque é comum existir uma espécie de comparação com outros casos conhecidos, procurando saber se a criança está dentro do tempo “certo”, seja lá o que isso for.
Como forma de ajudar e aliviar um pouco a consciência (e o coração) de alguns pais, hoje vamos dar todas as informações que precisa para que esta fase seja ultrapassada com tranquilidade.

Existe uma idade recomendada para o desfralde?
A primeira noção a reter é a de que o desfralde não é apenas um hábito que se treina – exige uma capacidade de controlo dos esfíncteres.
E o que são esfíncteres? São músculos de fibras circulares, responsáveis pela contração de algumas zonas. Assim, quando são desenvolvidos, as crianças aprendem a reter as necessidades.
Posto isto, ainda que possam existir padrões noutras áreas do desenvolvimento infantil, esta não é uma delas, uma vez que todas as crianças são diferentes e atingem este estado de maturidade em alturas distintas.
Contudo, Olga Reis, psicóloga clínica, considera pouco provável que aconteça antes dos 18 meses.
Também o pediatra Fernando Chaves acredita que, por norma, o processo se inicia por volta dos 2 anos, ainda que existam muitas variações, tal como acontece com o andar ou o falar.
Ainda assim, o pediatra defende que pode ser mais rápido para crianças que tenham irmãos mais velhos, pois “funcionam por imitação e observação”.
Portanto, o tempo certo é quando a criança estiver preparada para a mudança. Nessa altura, Fernando Chaves acredita que “o processo pode fazer-se em duas ou três semanas”, mas também é variável.
Mais: alerta para a importância de respeitar o ritmo individual de desenvolvimento de cada uma, pois forçar pode ter o efeito contrário e gerar frustrações.
Tirar a fralda no verão – sim ou não?
Existem muitas opiniões que defendem que o verão é a melhor altura para iniciar o desfralde, por haver menos roupa e por dar menos trabalho.
No entanto, como já vimos, é importante não acelerar ou atrasar a mudança por questões de facilidade. Se a criança se mostrar pronta no inverno, que razões há para esperar?
Como reconhecer os sinais?
A criança está pronta para deixar as fraldas quando começa a ter consciência do processo. Nessa altura, revela alguns sinais a que os pais devem estar atentos, nomeadamente:
- Avisar que tem a fralda suja;
- Ter a fralda seca depois da sesta ou de manhã ao acordar;
- Avisar quando está a fazer chichi ou cocó;
- Mostrar autonomia, como vestir ou despir.
Ainda assim, os pais devem ter consciência de que se trata de um processo que nem sempre é fácil e linear – é natural existir descuidos, pelo que devem ter doses extra de paciência e carinho.
O que posso fazer para ajudar no desfralde?
Desengane-se se pensa que são apenas as crianças que têm de estar preparadas – este é um trabalho de equipa, que conta com a colaboração dos pais.
Partindo do princípio que a criança está pronta para a mudança, podem começar por tirar a fralda durante o dia, já que, nesse período, a criança está consciente e o controlo é maior.
Depois, podem fazê-lo durante os períodos de sesta e só por fim à noite.
Além disso, podem seguir as seguintes recomendações:
- Lembrar ao longo do dia para avisar se sentir vontade;
- Felicitar se conseguir usar o bacio (lembre-se: reforço positivo não é recompensa material);
- Vestir roupa prática de vestir e despir;
- Utilizar roupa interior apelativa ou com bonecos;
- Reduzir os líquidos à noite;
- Evitar ralhar ou humilhar, sob risco de criar associações negativas;
- Levar à casa de banho antes de sair de casa ou antes de dormir.
Por último, um conselho chave: uma vez iniciado o processo, não volte atrás. Deve ser firme e consistente para que não haja retrocessos.
Aliança entre a Creche e a família para um desenvolvimento saudável
Para que o desenvolvimento ocorra de forma coerente, é fundamental existir comunicação e cooperação entre a família e a creche, já que é lá que passam grande parte do tempo.
Além do mais, em conjunto, este é um caminho mais fácil de percorrer, uma vez que os educadores podem aconselhar os pais, discutindo o assunto com experiência e conhecimento de causa.
As educadoras da Lua Crescente têm como preocupação central contribuir para que todas as crianças cresçam em equilíbrio e no seu próprio ritmo, e a sua não é exceção.
A equipa da Lua Crescente apoia as famílias ao longo do processo de desfralde, indicando, de acordo com a experiência e o conhecimento de cada criança, os tempos adequados a cada fase do processo.