Com o fim da licença parental, é hora de procurar alternativas onde deixar o bebé durante o tempo em que os pais trabalham. Muitas vezes, a escolha recai sobre uma escola.
Deixar um bebé entregue às educadoras nunca é fácil e, regra geral, representa um período de angústia e insegurança, principalmente se ele chorar na hora da despedida.
A boa notícia é que é normal sentir-se assim. Todos os pais se sentem perdidos e experimentam um sentimento de culpa por deixarem o bebé num espaço novo.
O que podem fazer para que a adaptação seja mais fácil? Explicamos tudo neste artigo.

Porque é que os bebés choram quando os deixam na escola?
Naturalmente, os bebés não percebem as razões do afastamento e choram porque sentem uma alteração do ambiente que, até então, lhes foi familiar.
O mesmo acontece com os adultos, que também ficam nervosos no primeiro dia num novo emprego, por exemplo.
A diferença é que nos primeiros meses de vida ainda não existe autocontrolo e capacidade de controlar emoções e adaptar a novas realidades.
Nem sempre chorar é mau sinal – na verdade, significa que a criança tem capacidade de exprimir os seus sentimentos, mesmo que ainda não os consiga racionalizar. Geralmente, altera o comportamento ao longo do dia e melhora a sua disposição.
E quando a criança começa a chorar só após algumas semanas?
De início, a criança encontra-se fascinada pelo mundo novo que acaba de conhecer.
Contudo, a novidade acaba por passar e chegam os choros tardios, que contribuem ainda mais para a confusão dos pais, pois não sabem se há alguma razão que a faça já não querer ir.
Pode ainda significar que a criança apresenta dificuldades de expressão, recalcando os seus sentimentos, ou até ser resultado de um evento traumático anterior ou de uma situação de stress atual.
Não chorar não significa que está bem, sendo muito importante a atenção dos pais aos seus sinais.
Ainda assim, a psicanalista e psiquiatra americana Gail Saltz defende que os bebés muito tímidos em relação a pessoas ou novidades apresentam uma maior propensão para experimentar sentimentos de ansiedade na altura da separação.
Em situações normais, o bebé deixa de chorar quando o deixam na escola de forma natural, à medida que vai ganhando confiança nas educadoras e no ambiente.
Portanto, não existem regras: cada bebé altera comportamentos ao seu próprio ritmo.
A influência do comportamento dos pais na adaptação à escola
A relação estabelecida entre os pais e o bebé desde o nascimento irá moldar a sua personalidade e crescimento. Os comportamentos que adotam influenciam em larga escala a maneira como irá ver o mundo.
Gail Saltz afirma que os pais que se sentem ansiosos quando apresentam novas coisas aos bebés e, por isso, expõem-nos a poucas novidades. Por outro lado, manifestam uma grande preocupação quanto aos perigos de certos locais. Estes comportamentos potenciam as hipóteses de virem a sofrer de ansiedade na separação.
Ao expressarem nervosismo, estão a passar a ideia de que há algo a temer. Devem, então, disfarçar este tipo de sentimentos negativos.
Há boas práticas que facilitam (e muito) a adaptação do bebé, entre elas:
- Levar o bebé a conhecer o novo ambiente para ver como reage;
- Afastar gradualmente;
- Não prolongar o momento da despedida mais do que o necessário;
- Não voltar atrás;
- Levar objeto de conforto transitório (elo com ambiente familiar que transmite segurança);
- Não dramatizar;
- Dar carinho e atenção (demonstra que a separação não abala os laços).
Experimente adotar estes comportamentos e verá que o processo será mais tranquilo.
Como saber que a adaptação não está a correr como o esperado?
Mesmo após o processo de adaptação estar concluído, é natural que o bebé ainda chore algumas vezes, principalmente após o fim de semana.
Ainda assim, existem casos que requerem mais atenção e necessitam de ajuda especializada.
Estas situações podem ser identificadas através de alguns sinais como:
- Dependência excessiva dos pais;
- Aumento do número de birras;
- Hesitação no momento de brincar;
- Mudança de comportamento (chorar excessivamente ou apatia);
- Despertar durante a noite mais vezes do que o normal.
Ser feliz no Berçário
O dia a dia no Berçário não tem de significar ansiedade e tristeza.
Estabelecer uma relação com as educadoras é fundamental, uma vez que contribui para diminuir a angústia da separação e os pais sentem-se à vontade para partilhar as suas inquietações.
As educadoras da Lua Crescente compreendem e respeitam o processo de adaptação. É na relação transparente com os pais que se criam sentimentos de confiança que passam para o bebé, tranquilizando-o.
O mais importante é encarar a nova etapa com positividade – é hora de se criarem novos vínculos que serão benéficos para o bebé.