Numa altura em que o regresso às aulas é um tema muito presente, é importante esclarecer alguns pontos relacionados com as normas de prevenção frente à pandemia que atravessamos.
Conhecemos as medidas para os adultos, mas e para as crianças? Será que devem usar máscara?
A uma situação por si só complicada, junta-se ainda uma enorme quantidade de opiniões controversas, que confunde e aflige os pais.
Contudo, a aflição não é uma aliada, mas a informação é. Por isso, hoje damos algumas explicações sobre o assunto.
A partir de que idade as crianças devem usar máscara?
De acordo com as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS), em Portugal as máscaras só são obrigatórias a partir dos 10 anos, em locais como a escola ou nos transportes públicos.
Ainda assim, a partir dos 2 anos podem ser usadas em espaços fechados, mas tudo depende da criança – se compreende minimamente o porquê de utilizar máscara e se souber como o deve fazer.
Caso não a tolere de todo, não seja capaz de a tirar sem ajuda ou se lhe tocar frequentemente é preferível não usar, pois causa uma falsa sensação de segurança.
Resumindo: para crianças com menos de 10 anos, usar ou não usar não é propriamente uma questão de idade, mas sim de maturidade, pelo que cada caso deve ser avaliado individualmente.
Contudo, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos E.U.A (CDC) e a DGS alertam para que as crianças com menos de 2 anos não usem máscara em nenhuma circunstância por conta das pequenas vias respiratórias, sob risco de causar dificuldades respiratórias e até asfixia, conforme corroborado por um estudo publicado pelo European Journal of Pediatrics.
Além disso, casos de crianças que sofrem de deficiência, perturbações no desenvolvimento ou outros problemas devem ser também avaliados individualmente.
Quais as vantagens e riscos?
Sabemos da dificuldade das crianças em manter o distanciamento social, principalmente na escola. Neste sentido, a máscara pode ser uma aliada na prevenção da sua saúde.
Por outro lado, pode representar alguns riscos, daí a quantidade de opiniões divergentes sobre o tema.
Além do risco de asfixia, as máscaras, por taparem uma parte da cara, dificultam a perceção de eventuais sinais de dificuldades respiratórias.
Esta possibilidade é especialmente problemática quando as crianças ainda não conseguem expressar claramente o que sentem.
Como escolher a máscara ideal e como colocar de forma adequada?
Independentemente do tipo de máscara, é fundamental que seja certificada pelas entidades competentes para que cumpra a função de diminuir o risco de contágio.
Além disso, uma criança não deve utilizar uma máscara de um adulto – deve ter um tamanho adequado às suas faces, cobrindo adequadamente o nariz e a boca.
Como pode incentivar o uso da máscara?
É importante recordar que esta é uma situação inusitada, pelo que é natural que algumas crianças estranhem o uso da máscara ou que até se recusem a usá-la.
De acordo com a pediatra especialista em pneumologia Teresa Bandeira, as crianças devem ser treinadas a usar, mas não obrigadas.
Mas como?
Explicando em linguagem que entendam o porquê de terem de usar. Para crianças mais velhas, pode até usar a história dos “germes” que podem fazer com que fique doente, sendo que a máscara ajudará a livrar-se deles.
Além disso, os pais podem ainda seguir as seguintes recomendações:
- Colocar uma máscara no peluche/brinquedo predileto;
- Usar máscaras com desenhos ou outros motivos infantis;
- Mostrar fotografias de outras crianças a usar máscara;
- Olhar ao espelho com a máscara e falar sobre o assunto.
Por vezes, tendemos a subestimar a capacidade de adaptação das crianças – na verdade, a maioria aprende rapidamente.
Além do mais, é frequente que queiram imitar os pais ou irmãos mais velhos, pelo que é possível que a sua criança até já tenha questionado ou pedido para usar uma máscara também.
Como ensinar a usar corretamente?
Não basta usar máscara, é preciso saber como o fazer corretamente.
De forma geral, as recomendações são as mesmas para os adultos:
- Lavar ou desinfetar as mãos antes de pôr/tirar a máscara;
- Não tocar na máscara ou na face após a colocação sem desinfetar as mãos;
- Não tocar na parte exterior da máscara;
- Tirar e pôr tocando nos elásticos;
- Trocar a cada 4/6 horas ou quando se encontrar húmida.
Para que consiga seguir estas recomendações, pode incentivar a sua criança a usar a máscara em casa durante um período de tempo para poder praticar.
Promover a segurança e a saúde em todos os lugares
Usar a máscara pode ser eficaz, mas é apenas uma das recomendações que podem evitar o contágio. Manter o distanciamento social, evitar locais com muita gente e lavar frequentemente as mãos são outros exemplos.
Tudo isto são hábitos que devem ser incentivados pelos pais, mas também pela escola. Afinal, também o ambiente escolar sofreu muitas alterações e as crianças terão de conviver com elas.Na Lua Crescente, foram tomadas algumas medidas de contingência como forma de garantir a preservação da saúde de todos, para assegurar a continuação da formação das crianças.