Uma das maiores fontes de stress para os pais surge na altura de escolher um local onde deixar as crianças durante o dia, principalmente se não houver possibilidade de ficar em casa com elas.
Geralmente, as opções passam por deixá-las na escola ou com os avós.
Ainda assim, para ambas as situações, existem muitas ideias preconcebidas e opiniões divergentes, pelo que não é de admirar que os pais se sintam confusos quanto à melhor opção.
Será que na escola o seu desenvolvimento será mais estimulado? Ou, pelo contrário, com os avós conseguem crescer na mesma medida?
Hoje vamos desmistificar este tema para que se sinta confiante na hora de escolher, independentemente da decisão.
A tendência em Portugal
De acordo com um estudo levado a cabo pela Fundação Calouste Gulbenkian, o nosso país tem a percentagem mais elevada de mães que trabalham a tempo inteiro, comparativamente com os outros 11 países estudados, daí a necessidade de encontrarem soluções para deixarem os filhos.
Além disso, o mesmo estudo indica que, em Portugal, a percentagem relativa à prestação de cuidados por parte dos avós é elevada, dado que os apoios e recursos às estruturas formais de acolhimento são limitados.
Ainda assim, a mesma tendência repete-se um pouco por toda a Europa, sendo as avós em particular as principais cuidadoras nestes casos, geralmente as que se encontram entre os 50 e os 69 anos e que não exercem empregos remunerados.
Desenvolvimento das crianças na Escola
De forma geral, e de acordo com a psicóloga Inês Chiote Rodrigues, os pais que optam por colocar as crianças na escola desde cedo tomam essa decisão por acreditarem que estão a “promover o seu desenvolvimento”.
E será importante?
De facto, a escola pode trazer muitos benefícios, nomeadamente:
- Potencia a socialização;
- Fomenta valores como a partilha e respeito pelos pares;
- Serve como preparação para a vida escolar;
- Incentiva ao respeito pelas regras e rotinas.
Além do mais, quando estão na escola encontram-se acompanhadas por profissionais experientes, que conhecem os melhores métodos para que se desenvolvam a nível social, cognitivo e emocional.
No entanto, uma das preocupações dos pais, que pode fazer com que se adie a entrada dos filhos na escola, prende-se com a frequência com que ficam doentes em ambiente escolar. Ainda assim, o contacto com algumas doenças e infeções pode ser benéfico para estimular o seu sistema imunitário.
Contudo, de acordo com a educadora Gabriela Silva, tudo depende do timing da criança, pelo que estar na escola não significa obrigatoriamente que o seu desenvolvimento seja maior.
Qual a idade ideal?
Mesmo que varie de criança para criança, o pediatra José Aparício defende que, no primeiro ano de vida, a criança não interage intencionalmente com os seus pares, pelo que a socialização não será a razão mais válida.
No entanto, terão, à partida, rotinas mais estruturadas desde cedo, o que fará que a criança se estruture no que à segurança emocional diz respeito.
Portanto, não haverá uma idade ideal para entrada na creche e em todas as etapas haverá prós e contras. Os pais devem medir todas as condições e possibilidades da sua própria família e tomar a decisão sem se sentirem culpados, independentemente da sua escolha.
E se ficarem com os avós?
Existem muitas razões para que os pais optem por deixar os filhos com os avós, sendo que algumas prendem-se com razões monetárias, de incompatibilidade de horários ou até de segurança.
Além do mais, numa altura de ansiedade como a de deixar os filhos pela primeira vez, confiá-los a alguém com quem existe uma relação afetiva pode contribuir para aumentar a confiança.
Ainda assim, será que o desenvolvimento não é comprometido?
De acordo com Inês Chiote Rodrigues, tudo depende da forma como a criança é estimulada em casa dos avós – se “houver interação suficiente, saídas até aos parques infantis, interação com outras crianças e estabelecimento e firmeza de regras e rotinas”, o desenvolvimento será igualmente saudável.
Mais: existe até uma oportunidade para observar, escutar e conhecer melhor as crianças, pois a atenção não é dividida, como na escola.
Assim sendo, existem avós que se tornam verdadeiros educadores, pelo que, nesse caso, poderá ser benéfico usufruir da oportunidade.
O que os avós devem evitar?
Apesar de todas as vantagens, a ideia de que os avós podem “estragar” a criança ainda é muito presente.
Então, devem evitar comportamentos como:
- Falar “à bebé”, para não prejudicar a linguagem oral;
- Impedir a experimentação de novos alimentos, texturas e sabores;
- Assumir sempre os hábitos de higiene pessoal;
- Questionar e quebrar ordens e regras dos pais.
Se estas questões acontecerem de forma frequente, os pais poderão sempre repensar a sua tomada de decisão.
Crescer em todos os lugares
Seja na creche ou com os avós, a solução ideal depende sempre de cada família e, principalmente, de cada criança, pelo que, se existe um segredo neste assunto, é prestar atenção às suas necessidades e ritmo de desenvolvimento.
Afinal de contas, a qualidade do tempo é o que faz a diferença nos resultados sociais, de saúde, cognitivos e emocionais.
Independentemente da decisão, o importante é que haja entendimento com os pais, de forma a contribuir para um crescimento saudável e consistente.Na Lua Crescente, acreditamos no acompanhamento personalizado, respeitando a individualidade de cada criança. Caso seja a sua opção, estamos preparados para proporcionar um desenvolvimento estimulante e feliz.