A aproximação da entrada no 1.º ciclo representa, regra geral, um período de grande ansiedade. Por vezes, esta aflição é mais comum nos pais do que nas próprias crianças.
Para além da mudança de rotinas, surgem questões relacionadas com a preparação dos filhos para encararem os novos desafios, tais como:
- Será que é assim tão importante que as crianças saibam ler antes de saírem do Jardim de Infância?
- Caso não o façam, significa que estão atrasadas no seu desenvolvimento?
- Que expetativas devem alimentar os pais relativamente ao pré-escolar?
Iremos desmistificar este tema, para que esta nova etapa seja vivida com naturalidade.

Quando é que as crianças devem aprender a ler?
Cada criança, como ser individual que é, apresenta o seu próprio ritmo de desenvolvimento. Algumas querem aprender a ler desde cedo, outras parecem ter outros interesses.
Mas quando é a altura ideal?
A criança deve aprender a ler quando o seu desenvolvimento assim o permitir, sem desrespeitar o próprio ritmo. É necessário que apresente maturidade suficiente e que se encontre preparada.
Mesmo que assim o pareça, por ser capaz de reproduzir palavras difíceis, por exemplo, não significa que compreenda o processo de leitura.
Especialistas na área da Pediatria defendem a importância de não forçar a aprendizagem – saber ler antes de entrar para a escola não deve ser uma meta a atingir.
Por outro lado, há pediatras que defendem que, caso a criança manifeste interesse em ir mais além e aprender a ler, a sua vontade deve ser respeitada.
Forçar a aprendizagem – que efeitos pode ter nas crianças?
Uma criança tranquila, cujo ritmo de crescimento e de maturação cognitiva é respeitado, será mais bem estruturada no futuro e será capaz de aprender de forma fluida.
O pediatra Mário Cordeiro considera que, quando as exigências não são adequadas ao ritmo de desenvolvimento ou quando é desperdiçado tempo que poderia estar a ser usado noutras coisas do seu interesse, a criança irá sentir-se pressionada e frustrada. Defende também que “mesmo que aprenda muitas coisas, terá mais hipótese de se desinteressar”.
É importante contribuir para que a criança não associe alguma aprendizagem, como a leitura, a algo penoso. O processo de aprender deve ser bom e estimulante, para que se interesse verdadeiramente.
Que competências auxiliam no processo de aprendizagem?
Quando adquire competências de linguagem verbal, a criança assume um papel central no seu próprio desenvolvimento, uma vez que já consegue expressar-se. Começa, então, a representar uma parte ativa no mundo ao seu redor.
A partir dessa altura, é importante que os seus interesses sejam estimulados e as questões que coloca respondidas, para que as competências, daí em diante, sejam aprendidas mais facilmente.
É importante que os pais percebam que, mesmo que não aprenda a ler no pré-escolar (não é suposto aprender a ler no pré-escolar… pode acontecer), existe trabalho a ser feito que facilitará o caminho da criança na altura da mudança para o 1.º ciclo.
Então, algumas competências, embora não estimulem diretamente a leitura, estabelecem ligações cerebrais importantes para a aquisição dessa capacidade. São elas, :
- Consciência fonológica (sons);
- Raciocínio lógico;
- Raciocínio matemático (noção de que o número 1 corresponde a uma unidade);
- Rimas; (retirávamos porque não são propriamente uma competência mas uma estratégia para alcançar competências no âmbito da linguagem)
- Divisão silábica;
- Conhecimento das letras do nome.
O que fazer quando o desenvolvimento da criança parece estar atrasado?
Assumir que o desenvolvimento está ou não atrasado pressupõe uma comparação com aquilo que os pais consideram ser normal.
No entanto, como não existem duas crianças iguais, a facilidade de aprendizagem é variável, pelo que os padrões são irrealistas.
Comparar o desenvolvimento de uma criança com outra não é benéfico, podendo até contribuir para um sentimento de competição ou de inferiorização.
A possibilidade de demorarem um pouco mais a desenvolver algumas competências, como a leitura, não significa que estarão sempre em desvantagem perante os outros.
Cada criança aprende, mais tarde ou mais cedo. Assim, quando não conseguem, os pais devem pensar que a criança não está a errar, mas sim a acertar aos poucos.
A atitude mais benéfica é, então, encarar cada fase com tranquilidade.
Afinal, quando as crianças são pequenas encontram-se numa fase acelerada de desenvolvimento, pelo que alcançarão, certamente, todos os objetivos de aprendizagem.
Jardim de Infância: um lugar de desenvolvimento saudável e feliz
O Jardim de Infância é um lugar onde o desenvolvimento de competências tem como base a interação social, que deve estar aliada ao respeito pelo ritmo de desenvolvimento das crianças. Todas têm de avançar, mas cada uma no seu tempo.
Na Lua Crescente, a educação pré-escolar tem como objetivo oferecer estímulos que preparem as crianças para as novas aprendizagens que farão daí em diante.
O trabalho desenvolvido respeita a individualidade de cada uma delas, fazendo do processo de aprender um caminho mais feliz a ser percorrido.
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