Durante o crescimento, é comum os pais notarem que, de vez em quando, os filhos mordem nos colegas da escola ou até noutras crianças com as quais convivem.
Não sendo uma situação agradável, é normal que os progenitores e encarregados de educação não saibam como lidar com estes incidentes.
Encontre, neste artigo, a explicação para este comportamento e algumas recomendações para compreender melhor a sua criança.

Porque é que as crianças mordem?
Certamente todos os pais notam que, numa determinada fase, as crianças levam alguns objetos à boca de forma recorrente.
O neurologista e psicólogo Freud dizia que a satisfação em colocar objetos na boca é comum desde o nascimento até por volta dos 18 meses ou 2 anos.
Isto acontece porque, graças à amamentação, a primeira parte do corpo que uma criança reconhece em si é a boca. Assim, o ato de morder pode ser uma forma de tentar conhecer o mundo.
Em algumas fases do seu desenvolvimento, é normal que as crianças ainda não possuam habilidades linguísticas suficientes, pelo que expressam o que sentem da forma que conseguem.
Por isso, é frequente que mordam, assim como tirem os brinquedos da mão de outra criança.
Normalmente, não o fazem com o intuito de magoar. Aliás, por vezes, nem sabem que provoca dor.
Além do mais, este comportamento é recorrente quando a dentição começa a nascer, por volta do 1.º ano de vida.
Há, no entanto, outras razões as levam as crianças a morder, tais como:
- Sono;
- Frustração;
- Necessidade de controlar uma situação;
- Raiva;
- Instinto de defesa;
- Necessidade de chamar a atenção.
Para além disso, este comportamento pode revelar circunstâncias que, no geral, merecem mais atenção, tais como a carência de afeto, ambiente familiar instável, ansiedade, stress e problemas de sono.
Quando os pais também mordem (carinhosamente)
Como forma de expressar afeto, é frequente que os pais mordam carinhosamente algumas partes do corpo dos filhos, como os pés.
Ainda que seja uma brincadeira inofensiva, pode ser encarada como um sinal de validação do comportamento.
Afinal de contas, as crianças tendem a reproduzir as atitudes dos pais.
Qual a melhor forma para reagir a estas situações?
Apesar de ser considerado relativamente normal quando uma criança morde outra, não deixa de ser um ato que precisa de ser desencorajado, para que não se repita de forma excessiva.
Mais: o facto de saber que é comum, por norma, não significa que os pais se sintam tranquilos, pois é sempre desagradável.
Ainda assim, é essencial perceber que a criança que hoje morde, amanhã pode ser a vítima, pelo que um ambiente compreensivo entre os pais é importante.
Quanto à criança que mordeu…
Primeiro, os pais devem perceber que a forma como reagem a estas situações pode influenciar o comportamento futuro da criança.
- Se reagirem de forma calma, embora firme, estão a transmitir que existem outras formas de comportamento.
- Se a reação for excessiva ou agressiva pode até produzir o efeito contrário ao esperado.
Então, as crianças devem ser incentivadas a expressar o que sentem antes de agir. Caso ainda sejam muito pequenas, quando os pais percebem que vai morder, podem falar com ela e depois centrar a sua atenção noutro foco.
É importante que as crianças se apercebam da sensibilidade dos outros, por isso devem ser alertadas para o facto de que o ato de morder magoa e devem pedir desculpa.
Ainda assim, a psicóloga Ana Brito acredita que “mesmo que a criança não demonstre culpa não quer dizer que não a sinta”.
No entanto, para que os casos sejam evitados, os pais podem procurar perceber em que circunstâncias estas situações ocorrem – onde estava a criança e qual o seu estado de espírito, por exemplo – e, a partir daí, redobrar a atenção.
Por último, é também muito importante desculpar a própria criança que mordeu. Ana Brito acredita que “a criança aceita mais facilmente a responsabilidade do seu comportamento quando é perdoada”.
E a criança que foi mordida?
Não só não deve ser esquecida, como deve ter mais atenção. Desta forma, a criança que mordeu percebe que esse ato não resulta para chamar a atenção.
É importante que aprenda a exigir um pedido de desculpas e a perdoar, ao perceber que não foi com intenção.
Aliás, não deve ser incentivada a “pagar na mesma moeda”, pois nesse caso irá entender que é a única maneira de resolver conflitos.
Como saber se a mordida noutras crianças é um sinal de alerta?
Geralmente, este comportamento que normalmente ocorre na creche é ultrapassado de forma natural.
A psicóloga Ana Brito estima que, caso seja desencorajado, acontecerá antes dos 2 anos e meio.
Ainda assim, é natural que, até lá, estes episódios se repitam.
Caso persista muito mais tempo, pode ser sinal de alguns problemas como por exemplo dificuldades de comunicação ou de controlo dos impulsos.
Nesse caso, será melhor consultar um especialista para se encontrar a razão e tentar resolvê-la.
O papel das creches na identificação de certos comportamentos das crianças
O processo educativo das crianças deve basear-se numa articulação entre a família e a Creche, uma vez que é lá que passam grande parte do dia.
Assim, nestes casos, é importante que exista uma relação eficiente entre ambas as partes para que seja possível identificar a origem e dentro, do possível, encontrar soluções adequadas para gerir cada situação.
As educadoras da Lua Crescente têm como objetivo o bem-estar das crianças, pelo que compreendem a importância de um acompanhamento atento.
Caso aconteça algum evento, como as mordidas, os pais saberão e podem solicitar ajuda para lidar com este tipo de comportamento. Afinal, contam com anos de conhecimento e experiência.